Educando o coração e a mente

    de 18/10/2019 à 19/10/2019

    EDUCANDO O CORAÇÃO E A MENTE

     José Raimundo da Silva Lippi[1]

    Este texto foi elaborado a partir dos ensinamentos tirados das obras de (Ricard, 2016)[2] e (Ricard, 2007).[3] Matthieu Ricard recebeu seu Ph.D. em genética celular pelo Instituto Pasteur, em Paris, sob a orientação de François Jacob, Prêmio Nobel de Medicina. Após completar sua tese de doutorado em 1972, decidiu abandonar sua promissora carreira científica para se dedicar ao cultivo das práticas contemplativas. O rigor científico aprendido durante sua formação acadêmica em biologia molecular consegue dialogar com sua própria experiência na condição de Monge Budista, possibilitando a ampliação de horizontes, tanto para a ciência quanto para a espiritualidade. Ele é considerado o homem mais feliz do mundo, após ter se submetido às diversas provas funcionais neuro-científicas e e tradutor para o Francês de Dalai Lama.

    A maioria das pessoas têm dificuldade de compreender quais são as melhores práticas para uma vida feliz. Para grande parte de nós a noção de “Simplicidade” evoca uma provação, um estreitamento de nossas possibilidades e um empobrecimento da existência. Todavia a experiência demonstra que a simplicidade voluntária não implica absolutamente em diminuição do bem-estar, mas traz ao contrário uma qualidade de vida melhor. É mais agradável passar uma tarde com seus filhos ou entre amigos, em casa, num parque ou na natureza, ou passá-la percorrendo lojas? É mais prazeroso desfrutar do contentamento de uma mente satisfeita ou constantemente querer mais – um carro mais caro, roupas de marca ou uma casa luxuosa?

    O psicólogo Americano Tim Kasser (2003)[4] e seus pares da Universidade de Rochester enfatizaram o custo elevado dos valores materialistas. Graças a estudos que se estenderam por vinte anos eles demonstraram que, de uma amostragem representativa da população, os indivíduos que concentram sua existência na riqueza, imagem, status social e outros valores materialistas incentivados pela sociedade de consumo estão menos satisfeitos com sua vida. Centrados sobre si mesmos, preferem a competição que a cooperação e contribuem menos para o interesse geral.

    As relações sociais destas pessoas são frouxas e, embora contem com um grande número relações, possuem menos amigos verdadeiros. Manifestam menos empatia e compaixão em relação aos que sofrem e tendem a explorar os outros segundo os seus interesses. Paradoxalmente têm uma saúde mais precária do que o restante da população. Seu consumismo imoderado está estreitamente ligado a um egocentrismo excessivo.

    Na nossa sociedade Ocidental verificamos que os sábios já não são mais os modelos e estão sendo substituídos por pessoas célebres, ricas ou poderosas. A importância desmesurada concedida ao consumo e ao gosto pelo supérfluo, assim como o reinado do dinheiro, levam-nos a pensar que boa percentagem de nossa população esqueceu ou não aprendeu o objetivo maior da existência – alcançar um sentimento de plenitude – e, por isso, perdem-se no meio.

    Por outro lado, observa-se que este mundo parece preso a uma curiosa contradição já que as pesquisas de popularidade posicionavam Gandhi, Martin Luther King Jr., Nelson Mandela e Madre Tereza nos primeiros lugares. Este paradoxo ficou mais claro para Ricard quando ele tomou conhecimento de uma pesquisa realizada junto a centenas de norte-americanos: “ Quem você mais admira, o Dalai Lama ou Tom Cruise? “A esta questão, 80% responderam:  “o Dalai Lama”.  Mais adiante outra questão: “ Se você pudesse escolher, qual dos dois você gostaria de ser? “ “Tom Cruise”, responderam 70% dos entrevistados. Isto demonstra que reconhecer verdadeiros valores humanos não nos impede de sermos seduzidos pelo engodo da riqueza, do poder e da celebridade e de preferir a perspectiva de uma vida glamorosa à ideia de um esforço de transformação espiritual.

    Por isso, a Academia Mineira de Medicina (AMM), em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Humano Lippi (IDHL), está liderando um movimento para a implantação de um modelo ensino/aprendizagem sem violência baseado na compaixão, na nossa capital. Este trabalho, inicialmente, em Belo Horizonte visa as Escolas do nível básico ao superior. Para isso, foram mobilizadas a Secretaria Municipal de Educação (Smed) e a Faculdade de Medicina da UFMG, juntamente, com a Faculdade de Ciências médicas e outras.

    Estamos fazendo um convite (anexo) para os interessados em seu desenvolvimento emocional, altruístico e intelectual o que poderá tornar-nos mais aptos à convivência dentro da Empatia e da Compaixão.

    Prof. Dr. José Raimundo da Silva Lippi
    Presidente do Conselho Superior
    Academia Mineira de Medicina

    CONVITE

     EDUCANDO O CORAÇÃO E A MENTE

     Palestras Internacionais:

    Locais: 1. Faculdade de Medicina da UFMG – 18/10/2019 – 17:00 horas

    1. Secretaria Municipal de Educação (Smed) – 19/10/2019 – 9:00 horas

    Temas:

    • Cognitively Based Compassion Training
    • Social, Emocional, Ethics Learning

    Palestrantes: 1. Prof. Dr. Marcelo Bento Soares (The University of Illinois at Chicago-USA)

    Palestra em Português

    1. Prof. Dr. Lobsang Tenzin Negi ( Emory University- Atlanta – USA)

    Palestra com tradução para o Português

    Entrada Franca

     [1] LIPPI, JR – Presidente do Conselho Superior da Academia Mineira de Medicina (AMN).

    [2] RICARD, M. (2016). A Revolução do Altruismo. São Paulo: Palas Athena. 711p.

    [3] RICARD, M. (2007). Felicidade: A prática do Bem-Estar. São Paulo: Palas Athena. 299p.

    [4] KASSER, T. (2003). The High Price of Materialism. The Mit Press.