Coronavírus: excertos do que diz a ciência

    Coronavírus: excertos do que diz a ciência

    É fundamental filtrar o sensacionalismo e a indução desmedida ao pânico. Para tanto, vale conhecer importantes dados científicos de outros países, ainda pouco divulgados.

    Após a detecção da doença a transmissibilidade média é de 2,9 dias. Sinalizando o mérito da quarentena, que deve ser precoce, mas pode ser ajustada. O “R0-R naught” = 2,2 indica que cada doente pode contaminar cerca de 2,2 pessoas (1). Abaixo de 1, sinaliza que a epidemia está decrescendo. O que reforça a importância das medidas de contenção/mitigação.

    O que mais causa temor é a mortalidade por causas novas. A tuberculose, a dengue e outras velhas conhecidas, inapropriadamente, pouco assustam. Na China, a mortalidade por COVID 19, de 2,8 a 3,4%, não contemplou no denominador os casos oligossintomáticos e assintomáticos. Ainda assim, estratificando os dados oficiais, observa-se que abaixo de 40 anos a letalidade foi <0,1%, enquanto acima de 80 anos, associada a doenças concomitantes, atingiu 14% (2). Face à ampla oferta do diagnóstico, que detectou os casos oligossintomáticos e assintomáticos, na Coreia do Sul a mortalidade geral foi de 0,7% (3).

    A mortalidade do COVID 19 é semelhante às demais síndromes gripais. O diferencial seria um avolumado número de casos – parte gerado pelo pânico, parte pela característica desta variante nova – não absorvidos pelos serviços de saúde. Evidentemente, o custo restringe fazer exames em larga escala, mas o exemplo sul-coreano mostra que a mortalidade divulgada nos meios de comunicação é bem maior. Não obstante, o momento é de prudência:

    1. Reforçar a etiqueta respiratória: “agir no avergonhado”, protegendo boca e nariz, e evitar tosse, espirros e eliminação de secreções em ambientes públicos.

    2. Promover sem excessos, a higiene das mãos com água e sabão. O vírus é sensível a álcool 70.

    3. Isolamento social.

    4 Um estudo (Nature, 2016) estimou que o fechamento das escolas, em epidemias virais, pode reduzir em cerca de 25% a taxa de infecção e atrasar o pico da epidemia. Quanto tempo fechar a escola não se sabe. O Japão fechou por 4 semanas.

    5 Pode-se manter o ensino a distância e via grupos. O risco da criança em casa matar o idoso é advertência hilária de internet (4).

    O diagnóstico diferencial virológico inclui, no mínimo: Adenovirus, Influenza, Metapneumovirus humano, Parainfluenza, Vírus Respiratório Sincicial, Rhinovirus, além de outras doenças (5). Seguir as recomendações do Ministério da Saúde e OMS.

    Referências:

    1. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK554776/

    2. Wu Z, McGoogan JM. Characteristics of and Important Lessons From the Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) Outbreak in China: Summary of a Report of 72 314 Cases From the Chinese Center for Disease Control and Prevention. JAMA. 2020 Feb 24; [PubMed]

    3. https://www.sciencemag.org/news/2020/03/coronavirus-cases-have-dropped-sharply-south-korea-whats-secret-itssuccess

    4. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK554776/ 5. https://www.sciencemag.org/news/2020/03/does-closing-schools-slow-spread-novel-coronavirus

    José Carlos Serufo – Academia Mineira de Medicina