A PESTE e a MEDICINA MEDIEVAL

    Por: Guilherme Santiago Mendes

    A peste negra é considerada a maior pandemia de todos os tempos e uma das principais catástrofes que já se abateu sobre a humanidade.

    A vida medieval, no século XIV, era muito dura não ser para uma pequena minoria de clérigos e nobres abastados. As condições sanitárias eram precárias e a fome uma ameaça permanente. A medicina desconhecia os microrganismos e as epidemias eram vistas como punição divina.

    No século XXI, a vida continua muito dura para 46% das pessoas do planeta que vivem abaixo da linha da pobreza, sendo 11% em pobreza extrema; 30% não têm água potável e 60% não têm saneamento básico adequado (dados da ONU). Sete séculos de evolução urbana, industrial e tecnológica transformaram o cenário menos do que se esperava.

    O bacilo da peste era endêmico na Ásia Central e transmitido, sem que se soubesse, pela pulga do rato-preto. Guerreiros mongóis cercaram a cidade de Caffa, uma possessão genovesa no mar Negro, mas não a tomaram por terem sido dizimados pela peste que já circulava entre eles. Antes de partir, porém, catapultaram seus cadáveres pestilentos sobre os muros da cidade, para infectá-la. Livres do cerco, os genoveses encheram seus navios de especiarias para vender na Europa, mas junto com elas, ratos, pulgas e bacilos. Em 1347 atracaram em Messina, sul da Itália, e dali a peste se expandiu pela Europa, sem poupar país algum, dizimando pelo menos 1/3 da população, estimada em 80 milhões de habitantes.

    Um microrganismo vindo da Ásia invade a Europa pela Itália…

    A peste ficou conhecida como “negra” posteriormente e o motivo é discutível. Uma das versões propõe que seja pelas manchas escuras e pútridas que surgiam nas extremidades de pacientes com a forma septicêmica da doença. No entanto, as formas mais comuns eram a ganglionar (bubônica) e a pulmonar, esta última também infectante pelas secreções respiratórias.

    Só em 1894 o médico do Instituto Pasteur, Alexandre Yersin, identificou a bactéria da peste, que ganhou seu nome, Yersinia pestis. Descobriu-se também que era transmitida dos ratos pela pulga Xenopsylla cheopis, não pelos miasmas do ar e nem pela fúria divina.

    No ritmo atual, espera-se que menos de 0,01% da humanidade perca a vida pela Covid-19. Ao menos, a ciência e a medicina evoluíram muito… Bom contar com elas!