A gripe por coronavírus, interesses e ganhos perenes

    Estão descobertos os interesses macroeconômicos e o papel da mídia educadora na divulgação da epidemia de gripe por coronavírus. Refina-se 2004 e 2009.

    Reforça-se que todas as gripes são epidêmicas com mortalidade assemelhada. Na atual epidemia de gripe por coronavírus, as modernas técnicas moleculares, pouco disponibilizadas em larga escala para outras importantes doenças, estão afloradas em tempo real. Felizmente, observam-se nessas situações importantes ganhos para saúde pública mundial.

    É preocupante saber que não nos pertence o controle da epidemia e sua divulgação, que sofre ingerências não biológicas para direcionar interesses inumanos. Lamentavelmente, as ações das duas principais economias do mundo e seus asseclas, além de disputas internas eleitoreiras, fogem do nosso controle e alcance. Amoral!

    Os dados da OMS, sobre mortes diárias por doenças infecciosas, mostram que morrem por dia no mundo: 3014 pessoas por tuberculose, 2430 por hepatite B, 2216 por pneumonias, 2002 por malária, 1027 por gripe e estão morrendo apenas 56 de gripe por coronavírus. Quem tem medo de morrer de tuberculose ou de malária? Os infelizes mortos neste surto de gripe por coronavírus ao menos serão contabilizados em tempo real.

    Neste ponto, relembro as sábias palavras de Sêneca (4a.C. – 65d.C.): “Nada é tão lamentável e nocivo como antecipar desgraças”.

    O Ministério da Saúde do Brasil tem sido prudente nas suas recomendações. Por ora, acompanhá-lo na gradação da contenção, deixando que a epidemia venha em prestações. Mitigação é a melhor estratégia.

    E vamos ao que interessa: os inúmeros e inusitados ganhos para a saúde pública mundial, após a experiência desta resposta coleta a desafio, a saber:

    Valorizar a lavagem das mãos com água e sabão comum. Por fim, esse ato salutar, se disseminará.

    A criação e o aparelhamento de leitos hospitalares e de UTIs tornam-se ganhos perenes.

    Os pacientes crônicos e seus responsáveis procurarão otimizar o tratamento das doenças crônicas.

    Atenção aos idosos: Todas as doenças infecciosas acometem mais os idosos. Mas, já é perceptível a precaução dos idosos, inquietos e partícipes do mundo. Creio que depois do corona esse grupo ainda ativo e os adoentados ganharão mais atenção de cuidadores e familiares, que agora se viram expostos na zona de conforto.

    Vacinação contra influenza: haverá o almejado aumento da procura pela vacina contra gripe (influenza), o que ajudara na cobertura das outras importantes vacinas contra doenças que ainda matam por negligência de cobertura vacinal.

    Uso de Máscaras: entender-se-á que a máscara tem dois diferentes usos nestas situações. Um, o mais importante, é o uso pelo doente para evitar que ele contamine outros indivíduos. O outro, é o uso nas ruas por pessoas sadias que sonham em não contrair doenças. Talvez, melhor um colete a prova de balas…

    Maiores cuidados e vigilância nos retornos de viagens. Somos turistas mais interessados em pacotes do que em consequências.

    É fundamental esclarecer que quarentena, no entendimento atual, não quer dizer quarenta dias, significa isolamento no período de transmissão da doença, que na maior parte das doenças virais respiratórias agudas, situa-se entre 3 e 10 dias.

    Finalmente, as pessoas ajustarão comportamentos, aprendendo a lidar com as doenças infectocontagiosas, em pauta as gripes, ao se “autodeclararem em quarentena” com ou sem máscaras. Diante de quadro gripal, evitar-se-ão espirros, tosses, apertos de mão, beijos e abraços em lugares comunitários, como escolas, trabalho, reuniões. A tosse e o espirro serão liberados com mais polidez.

    Na tentativa de ser uma alma melhor, finalizo com o notável escritor Honoré de Balzac (1799-1850): “As almas grandes estão sempre dispostas a fazer de uma desgraça uma virtude”.

    Por José Carlos Serufo, titular da cadeira 67 da Academia Mineira de Medicina.