Homenagens pelos 130 anos de Vital Brasil, mineiro da Campanha

    HOMENAGENS
    130 ANOS DE VITAL BRASIL MINEIRO DA CAMPANHA

    Discurso do Acadêmico Fernando Araújo

    Alocução proferida pelo Acadêmico Fernando Araújo, na Abertura da Sessão Solene comemorativa dos 130 anos de Vital Brasil Mineiro da Campanha.

    A Academia de Medicina comemora, nesta noite, os cento e trinta anos de nascimento do Ilustre Vital Brasil Mineiro da Campanha.
    Casa da Cultura Médica de Minas Gerais, a Academia Mineira de Medicina, além da permanente preocupação com a evolução das ciências médicas, consagra-se ao culto das personalidades que engrandeceram a arte de Hipócrates.
    A nossa Academia surgiu em 1970, visando os luminares da Ciência Medica das Minas Gerais, preservar nossa cultura e registrar as conquistas históricas de nossos grandes cientistas.
    Á época de sua fundação foram selecionadas as mais expressivas personalidades de nossa medicina para serem os Patronos das Cadeiras e, entre essas, a de número 38, foi destinada ao nosso homenageado, Vital Brasil Mineiro da Campanha. Essa cadeira teve por ocupantes os saudosos Acadêmicos Joaquim Coelho Filho e Adalto Vianna Nunes e, atualmente, está, merecidamente, com o Acadêmico Henderson Celestino de Almeida que, em nome da Academia Mineira de Medicina, saudará, oficialmente, seu Patrono.
    A vida do cientista Vital Brasil foi toda dedicada á Medicina e ao bem estar da humanidade. A grandeza de sua vida será amplamente rememorada pelos oradores que abrilhantarão esta Sessão Solene em que, a Academia Mineira de Medicina, comemora, orgulhosamente, os cento e trinta anos de nascimento desse inolvidável Patrono. Com saudações aos familiares de Vital Brasil Mineiro da Campanha e a todos os senhores e senhoras presentes, damos inicio a esta Sessão Solene.

    Discurso do Acadêmico Henderson de Almeida

    Vital Brasil nasceu em Campanha, MG, em 28 de abril de 1865.
    Diplomou-se em 1891 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e logo depois defendeu tese de doutorado sobre “Função do baço”.
    Em 1897 mudou-se para Botucatu, São Paulo, para o exercício da clinica médica. Interessou-se logo pelo estudo de cobras venenosas e de como obter o seu veneno. Em laboratório improvisado começou uma serie de experiências que logo comprovaram a completa ineficiência dos tratamentos então usados contra a picada de cobras.
    Mudou-se então para São Paulo, passou a trabalhar com o Dr. Adolfo Lutz no Instituto Bacteriológico e começou a preparar os primeiros soros contra os venenos botrópico e crotálico; em 1898 apresentou os primeiros resultados.
    Em 1899 Lutz propôs ao governo a criação de um “Instituto Soroterápico” e indicou o Dr. Vital Brasil para dirigi-lo.
    Partiu então Vital Brasil para a Europa e ao retornar em 1905 iniciou a grande obra que tornou-se conhecida como “Instituto Butantan”.
    Em 1911 publicou em português o livro “A defesa contra o ofidismo”, reedição em francês em 1914. No livro discorreu sobre a anatomia fisiologia e classificação dos ofídios brasileiros, seus venenos e principalmente sobre a profilaxia e terapêutica do ofidismo, atraves do preparo dos soros anti-ofidicos, bem como provas clínicas, e estatísticas de sua eficácia.
    Na sua edição de 4 de maio de 1914, ao registrar a inauguração desse instituto, o jornal “O Estado de São Paulo” apresentou em editorial “nestes tempos tristes da vida nacional, conforta o coração patriota que, na penumbra de um modesto laboratório, um homem chamou para sua terra a atenção do mundo cientifico e conquistou lugar proeminente entre os beneméritos da humanidade”.
    Em 14 de julho de 1919, coube á classe médica de São Paulo homenagear Vital Brasil com um almoço em que foi saudado por Emilio Ribas com essas palavras: a vida de Vital Brasil vale como uma lição de civismo e serve para mostrar aos nossos jovens patrícios o quanto se deve esperar do poder da vontade e que o futuro da nossa pátria será dos mais brilhantes se a mocidade que ela educa seguir o seu exemplo.
    Vital Brasil mudou-se então para Niterói, onde, com outros colegas, fundou o instituto que hoje tem o seu nome.
    Em 1924 voltou, como Diretor ao Instituto Butantã e a seguir teve seu nome inscrito no “Livro Nacional do Mérito”.
    Em visita ao Instituto Butantã disse Ruy Barbosa : É com sincero entusiasmo que exprimo a minha admiração para com esta casa pelo que dela sei e acabo de ver. Felizes de nós se a cultura geral do país e o progresso brasileiro estiverem á altura desta esplêndida instituição, honra do sábio que a dirige, dos homens de ciência que nela brilham, do povo que dela se desvanece e do governo que lhe tem compreendido o valor.
    Vital Brasil faleceu no Rio de Janeiro em 08 de maio de 1950, aos 85 anos de longa existência dedicada ao bem da coletividade brasileira.