Homenagem póstuma – Itamar de Faria – Oração do Acadêmico José Luiz de Vasconcelos Barros

    HOMENAGEM PÓSTUMA
    ACADÊMICO ITAMAR DE FARIA

    Oração do Acadêmico José Luiz de Vasconcelos Barros

    Oração de Despedida a Itamar de Faria Quando de seu sepultamento, no dia 12 de outubro de 1995.

    Meu caro e admirável Itamar de Faria.

    Aqui estamos, compungidos, “aos pés do seu leito derradeiro”, familiares seus, entes queridos, colegas e amigos todos, neste triste momento da confirmação de seu decesso, para prestar-lhe as nossas sentidas homenagens, e para dizer-lhe o quanto pranteamos a sua perda.
    Trago-lhe, sobretudo, a saudade, o respeito à admiração e o carinho de seus colegas da Academia Mineira de Medicina. Esta tão amada entidade, que você ajudou a fundar, e á qual sempre prestou inestimáveis e relevantes serviços, como sempre fez com tudo mais a que se ligou em sua profícua existência.
    Ao despedir-me do grande amigo e colega, de tão ilustre confrade, direi apenas que a sua falta, vem representar irremediável lacuna em nosso sodalício, ao deixar vaga a cadeira de numero 102, que tão bem soube honrar, enaltecendo-a, com sua soberba e notável atuação, e dignificando os anais de nossa casa.
    Nesta hora de graves reflexões, uma grande duvida acomete o meu espírito: a quem devemos primordialmente exaltar e homenagear? – O amigo leal e devotado, o médico responsável, o cultor das letras, das artes e da musica erudita? O homem empreendedor e combativo, sempre á frente de nobres empreendimentos e eventos culturais, o professor atento e atualizado; dedicado aos seus alunos? Ou o escritor e articulista renomado, de todos tão apreciado?
    Creio meu caro Itamar, que por todas estas razões, – e pela simples análise de seu “curriculum” isto logo se depreende, – você, como poucos, gozou ainda em vida da ventura de ver-se e sentir-se reconhecido, e homenageado em função de todos seus incontestáveis valores pessoais.
    Assim, o que nos cabe fazer, neste triste momento, é nos valermos da oportunidade para reafirmá-los diante de todos, e na mais viva e sonora voz.
    Finalmente, resta-nos ainda, o consolo de saber, que a morte, somente nos libera das penas e preocupações, ela não é um fim em si; ela abre a porta do reino do espírito, á vida verdadeira.
    Para aqueles, que como você, creram na ventura de uma vida eterna, apenas temos a dizer que: – “MORS JANUA VITAE”- A MORTE É A PORTA DA VIDA…
    Que você possa agora, ouvir dos anjos as réplicas das clássicas melodias que embalaram o seu espírito, repisando as palavras do Professor Antoine Popault, tão bem citadas por você, no seu magnífico ensaio: “RELAÇÃO DA MEDICINA COM A MÚSICA” quando diz: “Após uma traumatizante jornada de estreita convivência com as misérias do corpo, tenho de socorrer-me dos prazeres do espírito para não sucumbir-me.” Elevado ensinamento que você tão bem soube aplicar á sua própria vida…
    Para nós, que ainda aqui estamos o importante é nos lembrarmos de que, quanto mais vivemos, mais perto de nós está a morte, e que, a cada dia que passa, mais vivem em nos os nossos mortos…

    Descanse em paz, prezado amigo.

    Palavras do Dr. Roberto Faria (Irmão do Dr. Itamar)

    Na Homenagem Póstuma ao Acadêmico Itamar de Faria, em 20 de dezembro de 1995.

    Se esta fosse a palavra dele, seria mais eloqüente, mais vibrante e mais familiar a tantos amigos que aqui deixou. Mas não lhe é possível estar aqui hoje – ao vivo – para receber e agradecer a homenagem dos seus leais companheiros que aqui ficaram. Por isso, vim agradecer em seu nome, e o faço na qualidade de representante da família, que não o deixará jamais, pois todos continuamos junto dele, com ele, animados pela sua sempre presente palavra de incentivo e esperança.
    Conforta-nos a todos a sua experiência de vida, de que muito nos envaidecemos, pois sabemos que foi uma vida consagrada à família, à cultura e à ciência, seja como o irmão exemplar que foi e continuará sendo, seja como médico, seja como professor, como intelectual, como crítico musical de profunda sensibilidade, como cronista. Não nos deixemos levar por fingida modéstia, dizendo que ele não merecia esta marcante homenagem, pois acreditamos que ele fez jus a ela com o seu trabalho aqui desenvolvido, sempre pautado pela dedicação e por decidida vontade de transmitir o saldo positivo de sua experiência intelectual, realizada na tranqüila solidão de sua biblioteca e/ou no dia-a-dia de suas variadas atividades desenvolvidas ao longo dos seus setenta anos bem vividos. Conseguiu realizar-se em todos esses misteres da vida profissional porque, animado de inabalável fé, sua perseverança lhe ensinou o fazer-com-amor.
    Retomo a primeira e muito sincero: Itamar amou a todos vocês, assim como aprendeu a amar esta casa desde os primeiros dias de sua já “argêntea” existência. Bem sei que todo o carinho que receberam dele, vocês lhe retribuíram em vida. E, mais ainda, lhe reservaram este, que ele não pôde esperar e que tanto iria acrescentar à grande alegria que teve de os ter como amigos e companheiros de trabalho. Mas a amizade continua e ele manda agradecer-lhes. Está muito feliz e honrado com esta placa aqui ora inserida, significativa e perene homenagem da Associação Médica de Minas Gerais, e também da Academia Mineira de Medicina, à sua inolvidável memória.

    Muito Obrigado.