A AMM e a Académie Nationale de Medécine da França – 1998

    VIAGEM CULTURAL À FRANÇA

    Fernando Araújo

    Pela primeira vez, em sua história, a Academia Nacional de Medicina de Paris, França, recebeu uma congênere brasileira: a Academia Mineira de Medicina.
    Representaram a Academia Mineira de Medicina os Acadêmicos Fernando Araújo, Jairo Carvalhais Câmara, Lermino Pimenta, Luís Gonzaga do Amaral, Sebastião Rabelo e Eduardo Biagioni Filho, com as respectivas esposas e a assistente Telma Courinhos.
    Foram recebidos em sessão solene pelo Presidente da Academie Nacionale de Médecine, Professor Claude LAROCHE, em Paris, França, no dia 23 de abril de 1998.

    RESUMO DA REUNIÃO CULTURAL DA ACADEMIA MINEIRA DE MEDICINA COM A ACADÉMIE NATIONALE DE MÉDECINE (FRANÇA).

    De acordo com convites enviados a todos os confrades, a Academia Mineira de Medicina reuniu-se, oficialmente, com a Académie Nationale de Médecine, em Paris, no dia 23 de abril de 1998.
    Cada participante, inclusive o Presidente, arcou com suas despesas, não cabendo à Academia Mineira de Medicina qualquer ônus financeiro.
    A reunião teve como finalidades principais estreitar as relações culturais e científicas entre as duas entidades e aprofundar os estudos referentes à influência da medicina francesa sobre a brasileira.
    A delegação mineira compareceu à sede da Academie Nationale de Médecine, localizada no número 16 da Rue Bonaparte, Paris, sendo imediatamente recebida pelos seus diretores, que se encontravam à nossa espera.
    A Sessão Solene teve início exatamente às 16 horas, tendo sido precedida por uma reunião entre as duas diretorias, quando foram feitas as apresentações oficiais. Cumpre ressaltar que toda a Diretoria Executiva da Académie Nationale de Médecine estava presente. Nosso grupo, juntamente com o Presidente Claude Laroche e seus diretores, dirigiu-se para o enorme plenário, que mostrava um aspecto festivo e estava totalmente ocupados pelos confrades franceses, professores da Escola de Medicina e estagiários brasileiros que estudam em Paris. Imediatamente foi formada a mesa diretora dos trabalhos, com o Presidente, Professor Claude Laroche, o Vice-Presidente, Professor Charles Pilet, o Presidente de Federação das Academias Nacionais de Medicina da União Européia, Professor André Sicard e o orador oficial, Professor Charles Menkès. Após breve explanação acerca dos motivos da reunião, o Presidente Claude Laroche convidou o Presidente da Academia Mineira de Medicina, Fernando Araújo, para fazer parte da mesa diretora dos trabalhos. A seguir, o Presidente Claude Laroche iniciou oficialmente a cerimônia, com uma eloqüente saudação à nossa delegação, salientando o intercâmbio cultural e científico Franco-Brasileiro e relembrando a vida de vários cientistas brasileiros, dando grande ênfase a Carlos Chagas, cujo filho, Carlos C. Chagas é Associado Estrangeiro da Academie Nationale de Médecine e não estava presente por motivo de saúde. A seguir, usou da palavra o Professor André Sicard, Ex-Presidente da entidade e atual Presidente da Federação das Academias Nacionais de Medicina da União Européia, que oficializou as boas vindas aos brasileiros e, da mesma forma, enalteceu o intercâmbio entre os dois países. Continuando a sessão, falou o Professor Charles Menkés, que procurou exprimir o grande contentamento de todos em recepcionar a delegação mineira e da amizade que une as duas pátrias. Acentuou que, constantemente, tem ministrado cursos de reumatologia no Rio de Janeiro e São Paulo, o que o coloca sempre em contato com brasileiros. Falou em francês e português, demonstrando um perfeito domínio de ambas as línguas, o que propiciou uma grande descontração entre os ouvintes brasileiros. Em agradecimento às palavras dos representantes franceses, falou o Presidente da Academia Mineira de Medicina, Fernando Araújo, tecendo comentários sobre o entrelaçamento cultural e científico entre os dois países e da necessidade de sua constante incrementação. Relembrou os antigos mestres franceses, cujos notáves Tratados de Medicina, até hoje, servem à cultura brasileira. A seguir, ofertou ao Presidente Claude Laroche uma placa comemorativa do histórico encontro, com os seguintes dizeres:
    “Au distingué Académicien Professeur Claude Laroche, Président de l’Académie Nationale de Médicine, em reconnaissance à l’honorable accueil donné à délégation de l’Academia Mineira de Medicina, pendant notre rencontre. Paris lê 23 avril 1998. Acadêmico Fernando Araújo – Presidente da Academia Mineira de Medicina – Belo Horizonte – Minas Gerais – Brasil”.
    Em seguida, o Acadêmico Jairo Carvalhais Câmara, secretário da nossa Academia, entregou ao Presidente Laroche um álbum de fotografias de Belo Horizonte, com destaque para os marcos referentes ao cientista Carlos Chagas. O Presidente Fernando Araújo terminou seu discurso, convidando a Academie Nationale de Médecine para um Congresso a ser realizado em Belo Horizonte, no ano 2.000, quando o Brasil completará 500 anos, para continuarmos os estudos referentes às ligações científicas e culturais entre as duas pátrias. Encerrando a Sessão Solene, sob fortes aplausos, o Presidente Claude Laroche convidou nossa delegação para dirigir-se ao Salão de Festas, onde nos aguardava um finíssimo coquetel. A Esposa do Presidente e as senhoras de numerosos outros Acadêmicos, juntamente com estagiários brasileiros que estudam em Paris, entrosaram-se com os nossos patrícios, transformando o coquetel numa inesquecível festa de confraternização entre brasileiros e franceses. A cordialidade e a descontração, estampadas na face de todos os presentes, animaram consideravelmente a festividade; o prometido “caloroso” coquetel foi uma realidade, completando, com grande sucesso, a recepção francesa aos brasileiros. A alta qualidade das iguarias servidas, os vinhos das melhores safras, a champanhe de alto nível e as finíssimas sobremesas que foram oferecidas, somados ao carinho de nossos anfitriões, tornaram os confrades franceses credores de nossa amizade e da nossa eterna gratidão.
    Após o coquetel, visitamos as instalações da Académie Nationale de Médecine, toda ela ornamentada por esculturas e pinturas relacionadas com a arte médica; ao todo são 135 valiosas esculturas, 60 pinturas murais, assinadas por mestres famosos e mais de 8.000 gravuras e fotografias. A biblioteca tem mais de 400.000 volumes, sendo 5.000 considerados como raridades, mais de 4.000 periódicos e inúmeras coleções de arquivos dos séculos XVIII e XIX. Há salas especiais para as diretorias, tesourarias, secretarias, reuniões diversas, amplos salões para recepções e um enorme e luxuoso plenário para as sessões culturais e científicas. Enquanto percorríamos essas unidades, fomos obtendo informações com o Presidente Laroche acerca do funcionamento da sua academia que, segundo ele, assessora o Governo Federal em todos os problemas de Saúde Pública, reúne-se uma vez por semana e tem as demais reuniões (culturais, científicas, solenes, etc.) marcadas com antecedência, para possibilitar o comparecimento de todos os acadêmicos. As reuniões têm prioridade sobre outros eventos médicos, isto é, não são consideradas “justificativas de ausência” a necessidade de comparecimento a reuniões de outras associações, aulas, departamentos, clubes, etc. Segundo ele a prioridade é, sempre, da Academia Nacional de Medicina, órgão máximo da ciência médica francesa. Fundada em 1820, a princípio com a denominação de Académie Royale de Médecine e atualmente Académie Nationale de Médecine, funciona sob a direção do Bureau e do Conselho de Administração, representado pelo Secretário Perpétuo, em imóvel cedido pelo Ministério da Educação, Pesquisa e Tecnologia, com secretários e bibliotecários pertencentes a estes órgãos oficiais. Sua principal missão consiste em responder às questões de Saúde Pública, aconselhando as autoridades governamentais ou emitindo opiniões para o público. Outro papel importante é o de pesquisar, aperfeiçoar e difundir as ciências médicas e farmacêuticas. Todos os aspectos da Saúde Pública são abordados, como os problemas éticos, jurídicos, de ensino e mesmo as questões internacionais.
    O exemplo que nos foi dado pelos ilustres confrades franceses, cuja Academia ocupa um lugar de destaque entre todas as entidades da área médica, nos leva a refletir acerca das responsabilidades que todos assumimos quando ingressamos na nossa Academia. E nos obriga a continuar trabalhando para que ela ocupe o seu lugar de destaque no cenário médico e, para isto, além do esforço dos diretores, há necessidade da presença e apoio de todos os confrades, com suas sugestões, planos, trabalhos, etc.

    Acadêmico Fernando Araújo